sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O Sonho

Durmo na hora calma
e o meu pensamento
não se acalma
na busca pelo equilíbrio,
e sonho,
na procura de mim própria,
e sonho,
na inconsciência da vontade
entre imagens e sons em conflito,
entre interesses e desejos ocultos
que não sabemos explicar...
e sonho!
O sonho é tão intenso
e tão verdadeiro
que se agarra... e rasga
o nosso corpo ao acordar,
deixando-nos paralisados
por momentos de prazer ou de dor
que queremos eternizar
ou afastar em asas de condor.

Sonho com a verdade
e a verdade total não existe.

Aquela pureza de criança,
que às vezes cruel
outras muito doce, alegre ou triste
começou há muito a esvair-se
a desligar-se
a criar anticorpos
a esgotar-se nas tentativas
activas de entender a realidade,
as várias realidades e
o ajuste que fazemos
entre a imagem e a ideia da coisa.
O real é o que existe dentro e fora
da mente de cada um de nós,
a ilusão ou fantasia
cria na mente outra realidade.

Ambas se completam
e são verdadeiras num mundo de ideias,
mas os seres humanos são diferentes
e a interpretação dessas ideias
é tão diferente.
Oh, meu Deus
alguém pode magoar-se!
Não queremos magoar ninguém
com a nossa verdade!
Mas não suportamos
tantas interpretações
que não chegam a lado nenhum,
tantas pessoas sérias e inteligentes
por demais competentes
que não encontram um ponto comum.
E a mesma verdade parece tão diferente
e a mesma consciência não é sapiente
o suficiente, para encontrar a solução
certa e resolver o problema
ou a dificuldade.

Tudo se complica e
o inconsciente emocional
protege-se de imagens e sons desagradáveis.
Os sonhos ganham a beleza e 
alcançam o espelho da alma
na procura da realização do desejo.

Ela se acalma...
 no equilíbrio do sonho.


Anna Neto (Setubal)


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